Namoro à distância: quando o amor ultrapassa fronteiras

De repente, a vontade de estar ao lado daquela pessoa torna-se incontrolável. Tudo o que acontece é motivo para pensar nela e os fatos corriqueiros da vida perdem o sentido quando não se pode compartilhá-los com quem amamos. O amor é assim. Um sentimento capaz de transformar o mundo em um lugar pequeno, mas também de multiplicar a distância que separa um do outro. Cada quilômetro parece apertar mais o coração e o único remédio para aliviar essa dor é a expectativa de um encontro em breve. Realmente não é fácil lidar com tal situação e, por isso, muitos acreditam que um namoro à distância não vinga. Será?

Embora as pessoas normalmente evitem esse tipo de relacionamento, quando o cupido decide agir é difícil desvencilhar-se. Assim, essa realidade está ou esteve presente na vida de diversos casais, alguns dos quais com histórias bem-sucedidas. Este é o caso da jornalista Lívia Barreira e da estudante Thais Gatto, duas brasileiras cujo coração foi fisgado por europeus e, por isso, precisaram lidar durante um tempo com as milhas que as separavam dos namorados.

O começo de duas histórias

Após tanto planejamento, finalmente o intercâmbio em Dublin se realizava. A partir disso, houve vários os passeios pelo continente europeu e um deles marcaria a vida de Lívia especialmente. O mochilão no leste poderia ter sido apenas mais uma das aventuras na companhia de uma amiga, mas a cidade de Praga decidiu surpreender mais do que com sua beleza. Aquela festa que seria mais uma diversão da viagem, apresentou Dean Rhodes, o inglês que fez o coração da jornalista balançar.

O dia seguinte reuniu os dois novamente para um almoço e juntos foram desbravar as ruas da capital tcheca como um casal de turistas. Uma situação completamente incomum, mas que, ao mesmo tempo, acontecia de forma tão natural. “Apenas nos apaixonamos. Não escolhemos nada disso. Deixamos o sentimento tomar nossos corações, sem medo de que não pudesse dar certo”, conta Lívia.

Alguns anos mais tarde, a vida também utilizou seus artifícios para unir outro casal. Desta vez, o amor surgiu em um ambiente mais moderno, aderindo à era digital. Com o objetivo de treinar alemão para conseguir o visto de Au Pair na embaixada, a estudante Thais criou uma conta no site Interpals em busca de um nativo com quem pudesse praticar o idioma. Mas a surpresa maior foi conhecer Robin Hoffmann, um alemão que se tornava cada vez mais especial, conforme as conversas fluíam em uma plataforma tão “fria”. 

Não tardou para que declarações surgissem e logo foram organizados planos para agilizar o encontro dos dois. “Eu imaginava que iríamos nos conhecer apenas na Alemanha, mas, quando convidei ele para visitar o Brasil e me conhecer, percebi que era “O cara” para mim. Foi super significativo”, relembra Thais. Ela conta que, após iniciarem o namoro, Robin veio ao Brasil oficializar o romance e, quase dois meses depois, voltou para comemorar o Ano Novo. Em seguida, embarcaram juntos em direção à Alemanha: ela rumo ao intercâmbio como Au Pair.

Muitos não acreditam que passar tanto tempo longe do namorado possa funcionar, mas as brasileiras provam o contrário. Algumas amigas de Lívia, por exemplo, consideravam “maluquice” levar um relacionamento assim adiante, mas a jornalista preferiu seguir o coração. “Eu nunca ouvi muito isso [a opinião das amigas]. Dean me dá a ótima sensação de me sentir jovem, vivendo intensamente e feliz. Isso é muito rico e importante.”, relata.

Thais e Robin também foram firmes na decisão e, no total, passaram um ano e três meses longe um do outro — três meses enquanto ela estava no Brasil e um ano durante o intercâmbio. “Não nos questionamos se valia à pena ou daria certo porque sabíamos que queríamos muito isso. Ele só perguntou se eu tinha planos para continuar na Alemanha porque não queria namorar um ano e depois terminar”, conta.

Dificuldades de um namoro à distância

A verdade é que esse tipo de relacionamento não funciona como aqueles em que as pessoas estão próximas e algumas dificuldades são bem características, ainda mais quando se fala de culturas diferentes. Para Lívia um dos maiores problemas no início foi exatamente essa diferença cultural, de modo que muito do jeito de cada um não era compreendido pelo outro. Ela afirma, entretanto, que logo conseguiram superar esses detalhes e aprender com eles.

“Fomos nos entendendo, tendo muita paciência um com o outro e pronto! Na verdade eu acho muito mais rico namorar alguém de outra cultura”, explica. Além disso, a jornalista destaca que é preciso aprender a focar no sentimento e nos aspectos bons que envolvem os dois. “Temos algumas coisas em comum e uma delas é gostar muito de viajar.” A Thais, por outro lado, aponta a diferença de horário como principal obstáculo enfrentado. Isso dificultava permanecer até tarde no skype, por exemplo. Mesmo assim, o casal sempre procurava soluções para compartilhar como foi o dia e manter a comunicação. “Facebook e skype eram nossos melhores amigos, sem dúvida”.

“Para ter êxito, um relacionamento à distância precisa de muito amor, compreensão, confiança e transparência”, conta Lívia. “Acho que conseguimos ter tudo isso. Valorizamos cada minuto que estamos juntos”. Segundo a jornalista, é comum encontrar casais brigando por motivos pequenos, fazendo-os desperdiçar o tempo em que deveriam aproveitar a companhia um do outro. E este é um aprendizado importante para aqueles que vivem longe dos seus parceiros.

Hoje essa realidade faz parte apenas do passado dos dois casais. Lívia terminou o mestrado em Lisboa e percebeu que era o momento certo para morar com Dean em Sheffield. “Nós queremos e vamos ficar juntos. O amor verdadeiro sempre vence! É também muito difícil de ser encontrado”, conta. Thais e Robin já haviam planejado juntar as escovas de dentes há bastante tempo, então assim fizeram no momento em que ela terminou o intercâmbio como Au Pair.

Agora é com você! Encararia um namoro à distância? Compartilhe sua opinião ou experiência nos comentários!