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Algoritmos: uma reflexão sobre o uso de dados na internet

Quem nunca se surpreendeu ao ser bombardeado por propagandas logo após pesquisar por algum produto ou serviço? Ou ficou satisfeito com algum site que oferecia uma experiência tão personalizada na navegação, que parecia adivinhar as preferências de cada usuário? Embora pareça mágica, isso acontece por conta dos algoritmos, que correspondem a uma sequência de ações com o objetivo de solucionar um problema.

Quando uma pessoa acessa as redes sociais, por exemplo, normalmente busca grupos com estilo e ideias parecidas ou leem sobre assuntos pelos quais se interessam. A cada acesso e interação que fazem nesses espaço, os algoritmos aprendem sobre as preferências dessa pessoa, oferecendo uma experiência cada vez mais personalizada. É por isso que os posts de alguns perfis ou sobre certos assuntos aparecem com mais ou menos frequência na timeline.

O mesmo princípio vale para as propagandas recebidas no meio online. Quando se faz uma busca por determinado produto ou serviço, os algoritmos online entendem que o indivíduo se interessa por eles e passa a apresentar anúncios e sugerir conteúdo relacionados. Isso facilita muito para as pessoas, uma vez que não precisam mais direcionar tanta energia para filtrar aquilo que realmente as interessam em um oceano de informações, como a internet pode ser caracterizada.

Mas embora essa ideia pareça maravilhosa em um primeiro momento, pode ser assustadora por outro lado, ao colocar em cheque a privacidade do internauta, estimular o consumo exacerbado e facilitar a alienação. Um caso recente que prova a força dos algoritmos é  as últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em que o Facebook foi acusado de permitir a propagação de notícias falsas na rede social, facilitando a vitória de Donald Trump.

Os algoritmos e o perigo da alienação

Os algoritmos em si são a base da programação, pois são instruções que o sistema deve seguir para responder a uma determinada situação. Se uma pessoa clica no botão “Comprar agora” na página de um produto, por exemplo, será direcionada para local em que poderá fechar a venda. O problema surge, entretanto, quando os eles começam selecionar o tipo de informação a que o indivíduo tem acesso, direcionando-o sempre para aquilo que deseja ouvir ou com que concorde, pois o coloca em uma bolha que não dá espaço para o diferente.

Uma das consequências disso é o comprometimento do raciocínio crítico, a ponto de as pessoas tornarem-se cada vez mais intolerantes e acreditarem com mais facilidade em notícias tendenciosas, sem questionarem o que de fato está em jogo. Essa situação tem sido bastante observada no Brasil quando o assunto é política ― independentemente de qual lado seja a pessoa. E esse problema não se restringe apenas ao nosso contexto, sendo observado em vários países do mundo, mesmo aqueles considerados uma democracia mais “madura”.

Os debates extremados sobre diversos assuntos ― como a escolha de presidente, a situação de imigrantes, as ocupações de escolas e universidade ― estão cada vez mais comuns, de modo que as opiniões não são defendidas com argumentos embasados, mas com insultos vorazes. Insultos estes que não contribuem com nada para um debate construtivo e o fortalecimento da democracia.

E o papel dos algoritmos nesse sentido tem sido o de dar mais voz a conteúdos que pregam ideias radicais e direcioná-los a grupos que tendem a apoiá-los, reforçando suas crenças sobre o assunto. Paralelamente, influenciam os internautas a não conhecerem os outros lados de uma discussão.

Como sair da bolha e ter uma vasta gama de informações

É possível, sim, reduzir o poder dos algoritmos sobre o conteúdo ao qual se tem acesso, mas isso vai depender muito do próprio indivíduo. Embora a internet também seja associada a lazer e entretenimento, momentos em que as pessoas normalmente buscam conteúdos congruentes com o que acreditam, é importante dedicar tempo para também procurar informações diferentes, considerando o estilo e a crítica que propõem.

Também é essencial interagir mais com fontes confiáveis, como jornais, portais e influenciadores que tenham credibilidade. Isso dificulta que notícias falsas e de fontes questionáveis apareçam na timeline, o que, consequentemente, também reduz o poder deles na internet.

Você tem se preocupado em como os algoritmos estão direcionando a experiência das pessoas na internet ou gostaria de compartilhar algo sobre o assunto? Então compartilhe sua opinião e reflexões nos comentários!

Colaboração de Raul Lima.

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